o texto que segue foi publicado no blog do amigo português rui moura, em 31/12/2008, a quem atendi a um belo convite para fazer uma análise do que foi o ano de 2008 e falar das expectativas de 2009.
faz-se necessário esclarecer que a análise feita sobre o ex-presidente bebeto de freitas se refere ao ano de 2008.
em tempo, o título do texto foi atribuído pelo próprio rui (ainda bem!), referindo-se aos diversos anjos que caíram que subiram, a saber: cuca, bebeto de freitas, renha, ney, até mesmo montenegro que quis ser presidente mas, sabe-se lá por qual razão, desistiu...
clicando aqui, você lê o texto em seu originário local de publicação.
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vocês, amigos leitores deste maravilhoso espaço botafoguense, não sabem o tamanho do desafio a que fui convidado pelo amigo rui moura, que me pediu para fazer uma análise deste 2008 que está indo embora. escrever o que quer que seja neste espaço admirável é uma responsabilidade enorme para mim e espero corresponder à expectativa criada. e, confesso, minha tarefa ficou ainda mais complicada depois do excelente artigo feito pelo amigo danilo, com o qual, aliás, concordo em pleno teor.
tive um ano atípico, desvairadamente corrido, e que, em muitos momentos, me afastou do dia-a-dia do botafogo na imprensa, me obrigando a assistir, especialmente no segundo semestre, apenas aos jogos do time.
mesmo diante disso, entretanto, não tive dificuldades de avistar aquilo que considero ter sido o maior pecado do botafogo na temporada: (falta de) planejamento. nenhuma novidade, certo?
mas quando falo em planejamento, não me refiro especificamente à questão financeira, mas também à falta de metas (ou metas sem sentido) nos campeonatos e ao equívoco grande de todos em general severiano terem a certeza de que se pode ganhar todos os campeonatos, ficando, no final, com nada.
enfim, 2008 foi mais um ano na fila e que contou, lamentavelmente, com vários dos mesmos erros de sempre, além, é claro, de erros que só acontecem ao botafogo, como tentarei abordar a seguir.
o carioca vale mesmo tudo isso?
pelo segundo ano consecutivo, o botafogo dá ao campeonato carioca um valor que, definitivamente, ele não tem mais. e se considerarmos que, paralelamente a ele, acontece uma disputa por um título nacional e uma conseqüente vaga na libertadores, a questão que levanto aqui fica, na minha opinião, ainda mais sem explicação.
alguns podem dizer que, pelo carioca, é possível ter um parâmetro de como a equipe poderá se portar no campeonato brasileiro, quais as posições mais carentes e tudo mais. até concordo, mas o desgaste físico e emocional que o botafogo vem tendo nessa competição tem comprometido sua participação em campeonatos mais importantes e aí é que está, a meu ver, o maior erro.
como bem abordou o amigo danilo, o choro dos jogadores no vestiário do maracanã foi justo, afinal a entrega da equipe em campo foi total. deu gosto de ver os jogadores jogando com raça e deu raiva de ver a atuação descarada da arbitragem.
se eles, jogadores, jogaram com braveza, não condeno a tristeza com a derrota da forma que foi. o ponto lamentável foi a atitude daqueles que deviam ter pulso firme na questão: comissão técnica e diretoria, especialmente esta última.
ao contrário do esperado, porém, o que se viu foi um gesto tresloucado do ex-futuro presidente, que renunciou e poucos dias depois voltou atrás.
disso tudo, ficou ao botafogo o título de chorão, marcando, como bem frisou o danilo, o verdadeiro início do ano para o clube.e olha que o que estava em disputa ali era apenas a vaga na decisão do campeonato carioca, que parecia ser tratada por quem comandava o botafogo como a prioridade máxima do ano.
bom futebol, mau futebol
a equipe de cuca pareceu entrar no segundo turno do campeonato carioca, a taça rio, determinada a dar a volta por cima e encontrou ali seu auge no primeiro semestre, especialmente na semi-final, contra o flamengo, quando derrotou a equipe da gávea por indiscutíveis 3x0.
mas, mesmo tendo passado pela etapa seguinte, o fluminense, e conquistado a vaga na decisão do campeonato, o bom futebol parecia ter sido esquecido naqueles 3x0. basta ver o sofrimento que foi passar pela portuguesa de desportos nas oitavas-de-final da copa do brasil.
o time chegou à finalíssima do estadual com moral e os salários em dia. aliás, com salários pagos antecipadamente. no primeiro jogo, equilíbrio e a sensação de que a derrota por 1x0 foi injusta. mas, ainda assim, as atuações não eram convincentes.
quais seriam as razões?
ao certo, é difícil saber, mas, coincidentemente, partidas decisivas se aproximavam e faltou alguma coisa para a equipe ser bem sucedida.
o treinador, querido por boa parte da torcida, inclusive por mim, falhava constantemente, com escalações equivocadas, privilegiando jogadores fora de forma e/ou sem ritmo, além de irritantes improvisações. sem contar que sua peculiar motivação parecia ter ido embora e dava-se lugar permanente a um ar de derrotismo.
somava-se a isso a ingerência administrativa, em um clube entregue nas mãos dos colaboradores amadores.
o resultado disso tudo foi um vexame sem tamanho no jogo decisivo do estadual, quando o botafogo viu o flamengo crescer na segunda etapa sem demonstrar qualquer poder de combatividade. e sem qualquer culpa da arbitragem dessa vez.
e como desgraça pouca é bobagem, todo o desgaste possível já havia sido adquirido no estadual e o que se viu na seqüência foi uma eliminação frustrante nas semi-finais da copa do brasil, contra uma equipe literalmente de segunda divisão.
o time do 'quase' foi, mais uma vez, quase campeão de tudo, mas ficou sem nada. inclusive sem técnico...
mas o que está ruim pode piorar...
três rodadas do campeonato brasileiro haviam sido completadas quando da eliminação da equipe na copa do brasil e, com o pedido de demissão do técnico cuca, ficou comprovado que o que está ruim pode ser piorado com a contratação do técnico (?) geninho.
logo de cara, ele viu das cabines, intacto, o total destempero da equipe nos gramados dos aflitos.
jogo após jogo, a torcida se desesperava e, pelo menos, a passagem foi tão ruim quanto rápida, embora tivesse parecido para nós uma eternidade.
após uma goleada vexatória na bahia, contra o vitória, o técnico foi demitido e uma nova esperança nasceu na torcida, mesmo ciente de que não teríamos um técnico à altura do clube.
chegou a hora de acreditar
a opção escolhida foi ney franco, que surpreendeu logo em sua estréia, quando a equipe empatou com o santos na vila belmiro, apresentando uma boa performance, só não tendo sido excelente por ter deixado a equipe da casa empatar um jogo quando perdia por 2x0.
a seguir, o que se viu foi uma seqüência inesperada de boas atuações e, depois da injusta derrota para o são paulo, no morumbi, o time de ney franco alcançou uma incrível seqüência de 11 partidas invicto no campeonato brasileiro, alcançando, assim, o grupo dos quatro que iriam à copa libertadores.
os pensamentos da torcida iam longe. com as atuações que vinham sendo apresentadas, o título passava a ser um sonho possível.
na copa sulamericana, o atlético mineiro não foi obstáculo para a equipe, que encontrou, porém, muitas dificuldades contra o fraco américa de cali nas oitavas-de-final.
mas o botafogo tinha pela frente o seu maior adversário: o botafogo.
as vitórias foram embora, assim como os salários...
depois da magnífica vitória contra o coritiba, em pleno couto pereira, os salários não entraram mais na conta dos jogadores e as vitórias foram rareando, rareando...
os problemas surgiram em proporção adversa às vitórias, ao mesmo tempo que ninguém mais via o ex-futuro presidente em ação.
com a disputa pelo título praticamente descartada, a única esperança foi a sulamericana.
de novo, a equipe tinha pela frente uma equipe da argentina. desta vez, o estudiantes de la plata. diferente de 2007, contudo, quando o botafogo foi vergonhosamente eliminado na monumental tragédia, o primeiro confronto era na casa do adversário, mas o time, totalmente destemperado, sucumbiu, mesmo jogando boa parte do jogo com um a mais.
wellington paulista, no fim do primeiro tempo, mostrou sua verdadeira cara ao perder a chance mais incrível do jogo. como se não bastasse, todos viram verón desfilar talento em campo, com total liberdade para dar passes e fazer gol, inclusive. o final do jogo praticamente decretou a eliminação da equipe da competição, principalmente após o clima que se instalara em definitivo em general severiano.
rachas no elenco e destempero dos colaboradores amadores, em especial, para não ser nenhuma novidade, de carlos augusto montenegro.
o ano definitivamente acabou para o botafogo na volta das quartas-de-final, no engenhão, contra o mesmo estudiantes, e de forma melancólica.
se ficou alguma imagem do clube no brasil e no mundo foi a de andré luís tomando o cartão amarelo do juiz.
triste fim. mas… e 2009?
para finalizar o turbulento ano, nada melhor do que um processo eleitoral absurdamente tumultuado e confuso. sobre isso, porém, não quero me aprofundar. prefiro abordar, ainda que rapidamente, minhas expectativas para 2009.se em campo, 2008 foi triste, fora dele, foi mais que isso: decepcionante.
aquele que poderia ser, na minha opinião, um dos três maiores presidentes da história do clube, abandona o barco para assumir o futebol do atlético mineiro.
e pior, deve ter estremecido o túmulo de seu tio, o eterno joão saldanha, ao declarar, de forma absurda, que o botafogo era, a partir dali, passado para ele.
diante disso, é notório que a passagem de ano tem uma grande razão para ser comemorada: a definitiva saída de bebeto de freitas da presidência do botafogo.
deixa o clube com quatro meses de salários atrasados, fgts e um absurdo prêmio que prometeu à equipe caso atingisse o grupo dos quatro primeiros. pior, assume que isso agora passa a ser problema de quem assumir a presidência.
o cenário para 2009 não é nada agradável, e não falo isso por causa da debandada dos jogadores que, se são bons ou não, são, comprovadamente, nada vitoriosos. me refiro ao crítico cenário financeiro, exacerbado claramente pelo nível das contratações que vemos até o momento.
não espero títulos para o próximo ano. por eles, como louco que sou por esse clube, torcerei até o fim, mas não quero criar expectativas.
mas me obrigo a acreditar que, pelo menos, não brigaremos para fugir da parte de baixo das tabelas.
não é pessimismo, mas, diante do que estamos vendo, é realismo.
espero que os resultados em campo sejam diferentes das minhas expectativas e que possamos ver o botafogo brigando pelo que lhe são de direito: títulos.
boa sorte, maurício assumpção!
viva o botafogo!
